A escolha deste tema “Preservação e Reutilização de um Moinho” está relacionada com a importância que a cultura de cereais teve para o desenvolvimento socioeconómico da freguesia de Miranda, que foi durante anos considerada “Celeiro do Alto-Minho” e por consequência a construção de cerca de 30 moinhos dispersos por toda a freguesia, aproveitando a abundância de água de várias levadas e ribeiros afluentes do Rio Cabrão.
A diminuição da exploração agrícola e o surgimento dos moinhos elétricos levou ao abandono dos moinhos de água que se encontram num acentuado processo de degradação, porém, muitos destes em estado de ruina parcial, mantêm características arquitetónicas interessantes, motivando a necessidade de ação para evitar o seu desaparecimento.
É, portanto, urgente sensibilizar o poder local e a população em geral para a proteção deste património demonstrando a importância da sua inventariação, bem como o encontro de novas propostas para a sua preservação e reutilização. São claros os benefícios nos aspetos estético, arquitetónico, económico, social, cultural e político.
Os moinhos de água são estruturas construídas de um património industrial herdado do passado que retratam a história de um povo, que é necessário preservar, recuperar e divulgar, contribuindo assim, para a riqueza cultural da freguesia como um testemunho da vida dos nossos antepassados, que é importante transmitir às gerações vindouras.
Esta proposta visa a recuperação integral e sustentável de um Moinho, um edifício ímpar e histórico, respeitando e mantendo as suas características originais tendo em conta não só as condicionantes socioeconómicas, como também o enquadramento legal e local. Esta intervenção deve visar não só a recuperação das estruturas de moagem propriamente ditas, mas também da sua envolvente, quer paisagística, quer ambiental, mormente no que ao ecossistema ribeirinho diz respeito.
Dentro do nosso vasto património moageiro considera-se pertinente, como ponto de partida, a escolha de um dos oito existentes ao longo do “Trilho da Poça do Couto” sendo uma interessante mais-valia para enquadrar neste que é um dos principais atractivos de Miranda e dos territórios de “oeste” do concelho arcuense. Associando assim, à sua riqueza paisagística um percurso interpretativo que permite realizar uma espécie de viagem no tempo.
Pretende-se com este projeto atrair mais visitantes à freguesia criando um roteiro cultural ao qual se pretendem associar não só um centro de interpretação da história e tradições mirandenses como também diversas atividades de divulgação, valorização e promoção do património ambiental, cultural e identitário de Miranda impulsionando as valências, lúdica, turística e cultural da freguesia.
Este espaço terá grande serventia para “as gentes da nossa terra” que poderão usufruir do mesmo para proceder à moagem dos seus cereais ainda cultivados e predominantes. Este será motivo de nostalgia, mas também alegria em reviver memórias passadas e perpetuando-as ao transmitir conhecimentos desta herança cultural e ambiental, relacionados com o património material e imaterial de Miranda, à comunidade em geral. Impõe-se referir que atualmente existem poucos artesãos ainda ativos que dominam a arte e engenho da construção e restauração de moinhos de água sendo imprescindível aproveitar esta mão-de-obra enquanto possível.
Assim, sobre o futuro destas estruturas que tanto nos preocupa, apresentamos a nossa proposta de recuperação de um moinho de água num processo de regeneração urbana, que pretende valorizá-lo enquanto património local, fomentando o desenvolvimento da freguesia e sensibilizando a população para o valor destas construções no âmbito cultural e identitário.
O objetivo maior é que este projeto o alavancar para futuramente realizar outras reabilitações de moinhos.
O valor solicitado será para compra de materiais e para a mão-de-obra da reabilitação de um moinho.